RESPEITO: PAIS E PROFESSORES PRECISAM DESCOBRIR ESSE SEGREDO

Respeito, um valor moral e ético que precisa ser ENSINADO.

Por: Sheyla Fontenele

RESPEITO: O SEGREDO QUE PAIS E PROFESSORES PRECISAM DESCOBRIR

Quando se pensa na palavra respeito, imediatamente ela é associada a um valor moral e ético que se constrói nas relações humanas. Em essência, falamos de respeito a nós mesmos, ao outro e ao mundo. Mas há algo sobre esse tema que talvez surpreenda: o respeito guarda segredos que influenciam diretamente na aprendizagem de nossas crianças e jovens. Sim, é isso mesmo. Pode parecer inesperado, mas é uma verdade que merece atenção — e será desenvolvida ao longo desta reflexão.

Este tema é urgente e necessário para famílias e educadores, sobretudo quando pensamos em uma educação com bases sólidas, humanas e transformadoras.

Afinal, o que é respeito?

O respeito é um dos valores morais e éticos mais impactantes da vida humana. Para ampliar a compreensão sobre ele, proponho uma abordagem em duas partes. Ao final, trarei o que costumo chamar de “a cereja do bolo” — o ponto alto que amarra todas as ideias. Por isso, recomendo que a leitura seja feita com atenção a cada passo, pois tudo se conecta e se fortalece em conjunto.

Antes de qualquer coisa, é fundamental compreender que o respeito é, ao mesmo tempo, um valor moral, um valor ético e uma virtude.

Por que valor moral?

Porque a moral funciona como uma tábua de valores, uma espécie de bússola interna que nos orienta na tomada de decisões e na construção de atitudes — tanto individuais quanto coletivas. E o respeito ocupa um lugar de destaque nessa tábua.

Por que valor ético?

Porque a ética se refere à prática viva dos valores. O filósofo Nicola Abbagnano (2000), em seu Dicionário de Filosofia (que recomendo vivamente a todo educador), define a ética como a "ciência da conduta". Quando o respeito passa a ser praticado no cotidiano, ele se transforma em valor ético.

E por que virtude?

Porque, com o tempo e com a repetição de ações pautadas no respeito, esse valor se incorpora ao caráter do indivíduo. Daí ouvirmos expressões como: “Fulano é tão respeitoso”, o que indica que ele se tornou herdeiro da virtude do respeito.

Tendo entendido o que é o respeito sob o ponto de vista filosófico, chegamos à pergunta essencial: como educar nossas crianças e jovens para que se tornem pessoas respeitosas?

O respeito nasce dentro

Para desenvolver o valor do respeito, é preciso compreender que ele só existe em um lugar: dentro de cada um de nós. O que vemos do lado de fora é apenas o reflexo do respeito cultivado internamente, formando, assim, um coletivo respeitoso.

A Ciência Logosófica e a Pedagogia Logosófica oferecem contribuições profundas para essa compreensão e prática do respeito. Boa parte do conteúdo que compartilho é inspirado nesses referenciais, e sempre que possível, disponibilizo textos e livros para apoiar quem deseja trilhar esse caminho de autoeducação — inclusive, há um artigo precioso de González Pecotche sobre o respeito, que recomendo com carinho.

Os seis princípios do respeito

Para ensinar o respeito, é preciso conhecer os princípios que o sustentam. Sem isso, é difícil que ele se transforme em virtude. A seguir, compartilho seis princípios fundamentais:

1. Princípio da Integridade

O respeito verdadeiro exige coerência interna entre o que se pensa, sente, diz e faz. A criança precisa ser orientada a alinhar pensamento, sentimento e conduta. É o fim da lógica do “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”.

2. Princípio do Uso da Palavra

O respeito se materializa também por meio da palavra. Desde cedo, é essencial que a criança aprenda a cuidar do que diz e escreve. Palavras devem ser pontes, não muros. O respeito anda de mãos dadas com a palavra pacífica e sã. Onde a paz desaparece, o respeito também já começou a se dissolver. Lembremo-nos: cada palavra tem sua própria energia, e algumas elevam, enquanto outras destroem.

3. Princípio da Verdade

O respeito é irmão da verdade e inimigo do engano. Por vezes, ouvimos: “é preciso respeitar a ideia de todos”. Concordo. Mas isso não significa ser conivente com o erro, com o que é prejudicial à vida. O respeito também é discernimento. Quando as ideias se afastam do bem, o respeito permanece — mas assume a forma de diálogo, reflexão e tentativa de elevação. No entanto, caso o diálogo se esgote, afastar-se pode ser um ato de respeito por si mesmo e pelos próprios valores. Divergência é uma coisa; ofensa e desrespeito, outra completamente diferente.

4. Princípio da Reciprocidade

O respeito começa quando nos colocamos no lugar do outro. É a base da ética do cuidado. Ensinar essa perspectiva é essencial para uma convivência saudável.

5. Princípio da Correspondência

O respeito é via de mão dupla. A criança que recebe um “bom dia” deve devolver com outro “bom dia” ou, ao menos, com um sorriso. Essa devolutiva é fundamental para a boa convivência e precisa ser cultivada com constância.

6. Princípio do Autoconhecimento

Dentro de cada um de nós existem pensamentos e tendências que podem ferir os princípios do respeito. Conhecê-los é parte essencial do processo educativo. Uma excelente referência para essa investigação interna é o livro “Mecanismo da Vida Consciente”, da Logosofia.

Esses seis princípios nos ajudam a educar para o que é permanente — aquilo que não se desfaz com o tempo, mas que forma o alicerce do ser humano.

A maior estratégia educadora

Existem muitas formas de ensinar esses princípios, seja na família, seja na escola. Métodos e técnicas são valiosos, sim. Mas é preciso lembrar: eles só se consolidam com o exemplo. O exemplo é a linguagem mais eloquente da educação.

A cereja do bolo: o segredo sobre o respeito

E agora, o ponto alto da reflexão: qual é o segredo que pais e professores precisam saber sobre o respeito?

A resposta é clara: o respeito intervém diretamente na aprendizagem das crianças. E eis como isso acontece:

O respeito aguça a escuta ativa e a forma como interpretamos tudo que nos chega. Quando uma criança foi educada nos princípios que descrevi, ela estará mais inclinada a:

  • Escutar com atenção, compreendendo que ouvir o outro é parte do respeito;

  • Evitar interrupções desnecessárias, reconhecendo o valor do tempo e da fala alheia;

  • Colaborar e aprender com mais leveza e presença;

  • Refletir antes de responder, exercitando o autocontrole e a empatia;

  • Estabelecer vínculos saudáveis, baseados na confiança e na consideração mútua.

  • Tudo isso influencia diretamente o processo de aprender. E talvez agora fique mais claro: educar para o respeito é educar para a aprendizagem plena e consciente.

Finalizo com um convite: que pais, professores e todos os adultos responsáveis pela formação de crianças e jovens plantem hoje as sementes do respeito, para que amanhã possamos colher uma sociedade mais justa, mais sensível e, sobretudo, mais humana.

REFERÊNCIA:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.