IMPULSIVIDADE: DESAFIO DE QUEM EDUCA

Em algum momento você percebeu que deu 'aquela' resposta e depois se arrependeu? Que tomou uma decisão precipitada, que não agiu como realmente queria? Bem, terei de te dizer que você possui dentro de si o pensamento de 'impulsividade'. E ele também faz muitos danos na hora do EDUCAR. Vamos compreender isso e encontrar rotas de saída?

Por: Sheyla Fontenele

IMPULSIVIDADE: DESAFIO DE QUEM EDUCA

Impulsividade.

Esse é um comportamento que todos nós já enfrentamos na vida. Por vezes, somos nós que agimos de maneira impulsiva, de outras, alguém é impulsivo conosco. E em ambos casos, ninguém ganha. Todos saem machucados.

O fato é que a impulsividade é uma grande inimiga nossa em todas as ordens da vida, mas especialmente, na hora que precisamos educar nossas crianças e nossos jovens. Superar essa vilã que se ‘gruda’ ao nosso caráter é grande desafio.

Para tratar desse tema, como já sabem, irei me inspirar nos ensinamentos da Ciência e Pedagogia Logosófica.

González Pecotche, seu criador, apresenta a Impulsividade como uma ‘deficiência psicológica’ que se aloja no caráter humano. Além dessa existem outras quarenta e três, afirma. E ele revela que sofremos dessas todas e mais algumas propensões (Pecotche,2012).

Pecotche (2012) ensina que a impulsividade assim como todas as deficiências, se instaura dentro do ser na forma de um pensamento, que se alimenta da energia de nossas natureza instintiva. .

Por exemplo, quem na infância ao ser contrariado não teve uma reação intempestiva? O ser, ao sentir-se contrariado, age por impulso do sistema instintivo. O instinto não é em sim 'mal', mas é uma força, que inclusive, tem função protetora, e sempre saltará com o ímpeto de um leão para nos defender. Assim acontece sempre que algo ou alguém nos ameaça, física e psicologicamente. E cada pessoa poderá ter uma reação imprevisível, especialmente se não realizar o trabalho de autoeducação que trazemos aqui.

É exatamente quando somos crianças que se faz imprescindível a intervenção dos educadores, pais e professores. É fundamental, ensinar a criança como deve agir. Com o tempo, e se essa ação interventora não acontecer, será difícil para aquele que é afetado pelo pensamento de impulsividade criar um mecanismo de autocorreção. Porque ao não ser corrigido, não identificará a impulsividade como um erro dentro de si. Poderá até confundir e dizer “como sou poderoso, forte, altivo” etc. Tomando a impulsividade como um valor, que ela não é. E ao não saber que errou, a criança não tem na mente um modelo que lhe mostre a rota correta para agir. O fato é que a educação se incrementa a partir de modelos. E como expressado, ao não ter um modelo, não poderá realizar a correção consigo.

Então, a atitude impulsiva, sem a trava educadora, se repetirá e se repetirá..e logo, alguém um dia dirá “como fulano é impulsivo, nunca toma decisões reflexivas".

A impulsividade assim se apresenta de várias formas e irá se manifestar em vários graus, desde aquele mais óbvio, até reações que sequer imaginaríamos.

No grau mais evidente a impulsividade surge quando:

. Uma resposta rápida é dada diante dos problemas;

. Quando se é indiscreto, pois o impulso irrefletido leva a que expressemos o que pensamos e sentimos sem travas;

. Quando alguém diz algo que magoa, o ser é afetado por outra deficiência psicológica a 'susceptibilidade' . Fica magoado por tudo e mais alguma coisa, e depois dessa, surge a impulsividade para piorar a situação, em geral, a partir de comportamentos de ofensa ou malcriação.

. Quando o 'tom' da conversa sobe, junto à impulsividade também vem outra deficiência, a “brusquidão”.

E em níveis mais avançados, a impulsividade pode fazer bons estragos, pois costuma ser um bom guia para o campo da imprudência, fazendo com que o ser tome resoluções apressadas em assuntos que mereceriam grandes reflexões, colocando por vezes, até o patrimônio físico em jogo. E em não poucas situações, o impulsivo comete transgressões que poderão  comprometer sua liberdade, e logo, toda sua vida.

Como vimos a impulsividade começa na mente e se materializa naquela ação intempestiva, sem filtro. E nós como pais e professores, se não realizarmos esse trabalho conosco, teremos problemas também para educar. Pois como ensinar o outro exatamente o que não somos? A educação que humaniza não combina com o princípio de reatividade que se dá pelo impulso. Mas com uma presença paciente, porém, firme.

Bom, mas se você já identificou em si essa condição, em maior ou menor grau. Pecotche (2012) ensina um método nesse livro para extirpação dessa e demais deficiências. Método que venho aplicando em mim alguns anos.

Então, vamos podemos aprender com a Pedagogia Logosófica:

a) Primeiro, reconhecer que você possui a impulsividade. Como? Se observando, e mais ainda. Observe o RESULTADO que a impulsividade trouxe a tua vida de relação. Aliás, a impulsividade não está acostumada a que possamos observá-la. Portanto, ela vai reagir já aí;

b) Agora que você se observou por dentro. ANOTE. Crie o hábito de anotar. Faça anotações das situações em que ela, impulsividade se apresentou (o que você observou), e de preferência, identifique agora na anotação o grau de ação dela;

c) Terceiro passo, a impulsividade já constatamos, possui 'gatilhos' na mente. Situações específicas que são provocadoras. Ela vem das energias intensas do instinto, isso já vimos. Então, essas energias precisam ser FREADAS. Precisamos aprender a FREAR. Como? Permitindo que a mente faça pausas. Que pausas são essas? A REFLEXÃO. Isso mesmo. A impulsividade revela que o ser não refletiu. Então, reflita. Como? Todos os dias. Mas em especial, faça perguntas a si. Isso mesmo, a maior prova que você está refletindo é quando você questiona algo dentro de si. Essa situação foi boa para mim? Ela me gerou alegria? Fiquei feliz depois que agi impulsivamente? Eu me alegrei quando disse algo ou escrevi algo que fez alguém que amo sofrer? Agora uma pergunta que não silenciar..Depois que a impulsividade vem e fez o estrago dela, PARA ONDE ELA FOI? Fatos e dados: SUMIU !! Porque ela só aparece em cena para TUMULTUAR, fazer o papel dela, e depois quem fica? Você meu amigo, minha amiga...Segura essa !!

d) E finalmente quarto passo. Identificou? Anotou? Levantou as reflexões? Muito bem, agora o passo é o seguinte, registre para cada situação dessas, COMO você poderia fazer ou fará de uma próxima vez quando um novo gatilho disparar. Se você falou algo de forma impulsiva e magoou alguém, pense em como fará de outra vez. Eu desenvolvi alguns recursos para lidar com a impulsividade. Sempre que percebo que uma conversa começa a esquentar, eu me lembro dessa frase “Eu decido estar em paz. Sou eu quem toma essa decisão”. Isso tem me ajudado muito. Experimente..Comigo traz resultados. 

Agora algo eu te garanto: a impulsividade vai se repetir, porém vai buscar novos cenários. Vivemos na ESCOLA DA VIDA em que as provas se repetem até que a gente aprenda. Observem..pois isso acontece comigo também. 

Mas é claro que esse texto foi só um início de conversa. Mas já te aviso.. a impulsividade não vai querer largar a tua “casa mental” como ensina Pecotche (2012). Ela vai se agarrar à tua mente. E quando iniciar esse trabalho, ela irá inclusive, se OURIÇAR mais. Afinal, a impulsividade é uma hóspede cômodo em nossas mentes. E quando se ao quer expulsar, não ficará nada contente, como todo hóspede nessas condições, não é mesmo?

Então, não desista de trabalhar consigo. Mas te advirto, esse é um trabalho de educação permanente, pois a impulsividade afeta mais a vida do que imaginamos. Ela nos deixa, inclusive, menos sensíveis, pode gera rompantes emocionais, levando o ser a um descontrole interno.

A Ciência Logosófica é uma boa rota para realizar esse trabalho de auto educação. Busque na ABA  correspondente do site. Segura estou, que se você busca ser um ser humano melhor para você, para o seu filho, aluno, ser mais feliz...vai gostar !

E finalmente, a impulsividade é um espelho, pois REFLETE que não temos domínio sobre o único ser que precisaríamos saber governar: NÓS MESMOS.

Passe essa matéria adiante, e entre em contato comigo se assim desejar !!

REFERÊNCIA:

PECOTCHE, Carlos Bernardo González. Deficiências e propensões do ser humano. 13. ed. São Paulo, SP: Logosófica, 2012. Disponível em: https://logosofia.org.br/livros/deficiencias-e-propensoes-do-ser-humano/ Acesso em: 08 abr. 2025.