COMUNICAÇÃO: A CHAVE PARA MELHOR EDUCAR NOSSAS CRIANÇAS

Como melhorar a comunicação com as crianças? Descubra 4 pilares para melhor educar A comunicação é a ponte entre o adulto e a criança, e quando usada com consciência, afeto e presença, transforma a educação em um ato de construção conjunta. Nesse bate-papo de hoje você vai refletir sobre: a) A importância de ser presença; b) Como comunicar com clareza e honestidade; c) O que é firmeza verdadeira na educação; d) Como gerenciar as emoções antes de falar. E, por fim, como deixar marcas positivas com suas palavras.

Por: Sheyla Fontenele

Muitos pais, mães e professores ainda se comunicam com as crianças a partir de um lugar comum: o universo do adulto. É como se do outro lado tivesse um “adulto em miniatura”, e não uma criança. E lhe dizem coisas do tipo:
“Olha, você precisa entender que chorar não resolve. Precisa assumir as consequências das suas escolhas, como qualquer pessoa sensata.”

Esse tipo abordagem que chamo de comunicação palestrante, acaba afastando emocionalmente a criança, isso porque ignora algo essencial: a linguagem da infância.

A verdade é que não tivemos na escola lições sobre como nos comunicar melhor, com mais consciência, com mais escuta e mais presença. Não aprendemos que maior propósito da comunicação é justamente esse: construir boas relações.

Aliás, até com os animais uma boa comunicação é essencial, não é? Imagine então com as crianças, que são tão sensíveis ao tom, ao olhar, às nossas intenções...

E tem mais, nem sempre interpretamos bem o que nos é dito. E outras vezes, somos nós que não conseguimos expressar claramente o que sentimos ou pensamos. Esses “ruídos” podem atrapalhar, e muito, a prática de uma educação mais verdadeira, mais próxima, mais humana.

Comunicação é uma estrada de mão dupla. Comunicar é parte da nossa natureza. De um lado eu preciso me fazer compreender, do outro, necessito aprender a escutar, para não distorcer as mensagens. E na educação, isso se torna ainda mais sagrado.

E para que a nossa comunicação seja ativa, assertiva e positiva vou te apresentar 4 pilares que descobri na minha trajetória como pessoa e profissional, e que fazem toda a diferença na hora de educar.

PILAR 1 – SER PRESENÇA

É estar presente de verdade. Ao falar, estar presente. Ao ouvir, estar presente. Ao gesticular, ao reagir… com presença.

Você já conversou com alguém que fala, fala, fala muito dos próprios problemas, mas quando é a sua vez de falar, ela muda de assunto ou não te escuta com atenção? Pois é!

A comunicação exige discernimento dos tempos: o tempo de falar, o tempo de ouvir, e a hora de silenciar. Só assim ela gera entendimento.

E eu só posso entender quando estou em processo de ATENÇÃO. Ser presença é, essencialmente isso, um estado de ESTAR atento..ali, no aqui e no agora.

PILAR 2 – CLAREZA

Ter clareza na comunicação é fundamental. Ter clareza é ser transparente. É não esconder pensamentos nem intenções por debaixo do “tapete da mente”.

A clareza se liga ao valor da honestidade. E para ser claro, também basta ser simples no que se quer transmitir. Não é preciso ser acadêmico. E nada de exibições para mostrar que se tem um “notório saber”.

A clareza na comunicação é também um ato afetivo, pois é preciso que ao falar nós também nos coloquemos no lugar do outro. É ser reflexivo e se perguntar:
“Será que essa forma de falar vai ajudar? Será que serei compreendida?”

Então, a clareza é bússola. É reflexão. Crianças e jovens aprendem melhor quando sabem exatamente o que se espera deles, eles também vão perceber quando há coerência entre o que você comunica e o que você vive. A clareza na comunicação não gera DÚVIDAS.

PILAR 3 – FIRMEZA

Aprendi com a Pedagogia Logosófica que é preciso aprender a educar a partir de um ENÉRGICA DOÇURA. O que González Pecotche, seu criador, quer ensinar a partir desse axioma?

Que quando somos firmes ao comunicar algo, mostramos ao outro que sabemos por que estamos dizendo aquilo, que há convicção EM NOSSA INTENÇÃO. Que há certeza. E isso por si só acalma quem escuta. A firmeza transmite segurança. A criança vai entender a sua firmeza como se você estivesse dizendo assim para ela “Aqui há alguém que cuida de mim com seriedade. Alguém em quem posso confiar."

Ser firme ao comunicar é mostrar que você sabe o que está dizendo, que há certeza em suas palavras, que há convicção e propósito. Que suas palavras tem PONTARIA segura.

Ser firme também não é gritar, não é falar alto. Mas é saber sustentar um valor. Ademais, um NÃO bem firme, também deixa bem delimitadas as regras, as rotas a seguir.

PILAR 4 – GESTÃO DAS EMOÇÕES

Controlar as emoções é revelar o estado DA TUA ALMA por detrás do que você diz.

É calibrar a mente, a sensibilidade e o pensamento antes de transformar em palavras tudo aquilo que sai da tua boca.

Pecotche ensina que a mente da criança é terra virgem e fértil. E que as crianças guardarão mais as nossas reações emotivas do que as nossas palavras.

Se dizemos algo motivador, mas com raiva, o que ficará registrado na memória não é o conteúdo da mensagem em si, mas o calor do desequilíbrio daquela emoção.

Por isso é que conversas difíceis devem ser realizadas quando você estiver internamente bem. Conversas difíceis exigem PREPARO. E se no curso de alguma conversa você percebeu que a “chapa esquentou”... É mesmo hora de parar, chamar a razão e dizer “agora não estamos em condições de conversar”. Quando tudo estiver mais tranquilo, a gente senta e conversa de novo.

E outro ponto, FIRMEZA NÃO ANULA A GENTILEZA.

Gentileza na comunicação não é enfeite, não é mimo, é reconhecer o RESPEITO como pilar fundamental em uma comunicação. Reconhecer com honra a história de cada um. Lembra daquela música “Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz. De ser feliz”...Gentileza na comunicação é lembrar que por trás de cada pessoa há uma história, uma dor, uma esperança. Quando somos gentis ao comunicar, estamos dizendo: "Eu reconheço sua dignidade, por isso escolho palavras gentis”.

Agora a nossa cereja do bolo: comunicação que educa PRECISA DE..

Primeiramente, uma comunicação que educa vai procurar não CONFRONTAR. Sabe aquela história de “dar um boi para não entrar em uma briga”; Em uma comunicação educadora o jargão muda completamente, pois passaremos sim a “Dar um boi para não entrar em uma briga, e uma boiada para SAIR dela”. O intuito de toda comunicação educadora é, portanto, aproximar. Mas daí você vai poderá até dizer que há vezes em que se falta o respeito. Bom, nessas horas eu utilizo em minha vida o axioma de Pecotche “Ser bom, porém não tolo”. E isso é preciso SIM se ter em conta também. Ninguém pode faltar o respeito conosco.

Assim, para arrematar nossa conversa, uma comunicação educadora precisará ainda de:

a) Fugir de repetições sem sentido. Quem comunica precisa ter o cuidado de não virar um eco de si mesmo, e em que só um fala;

b) Vir repleta de exemplos, e de histórias para contar;

c) Necessitará de uma linguagem corporal, que acompanhe a mensagem. Portanto, comece a fazer o exercício da auto observação.

E outra coisa: “Toda comunicação deixa um rastro”. Pode ser um rastro de acolhimento, de palavras conselheiras, de afeto, ou ainda de dor, confusão, de medo. Comunicar é também IMPRIMIR uma memória afetiva. Que imagem você deseja que seus alunos e filhos guardem de você?

Reflita sobre isso e guarde no teu coração.